Chegamos ao final de mais um ano com sentimento de gratidão!


As grandes conquistas da vida não são frutos do trabalho de um dia. A vida se conquista dia-a-dia com amor, coragem e perseverança."
Que 2017 seja um ano mais justo e fraterno para todos/as!!
Aos/as amigos/as, clientes, parceiros/as desejamos um Ano Novo repleto de conquistas diárias, de cooperação, de paz e alegria.
Que os festejos de fim de ano sejam encontros fraternos com seus familiares e amigos/as!!!

“Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da terra” Provérbio africano.

Cooperativa Bordana é Top 100 de artesanato

O Prêmio SEBRAE TOP 100 de Artesanato é a mais importante ação que tem por objetivo identificar e premiar as unidades produtoras de artesanato mais competitivas do Brasil.

Em sua 4ª edição premiou as unidades de produção artesanal não somente pela qualidade de seus produtos, mas também por suas práticas de gestão.




Marcas paginas - produto sustentável - reutilização de caixinhas e leite e tela de Raio X
Marcas paginas - produto sustentável - reutilização de caixinhas e leite e tela de Raio X
Porta Guardanapos - flores do cerrado - produto exclusivo Bordana
Designer: Renato Imbroisi 

Cadernetas e Cadernos bordados à mão - miolo com papel reciclado


Palíndromos

Mãos que desenham, bordam, cooperam, escrevem. Cerrado é apertado, é bioma em extinção, mas não fecha porque a memória não deixa. Suas flores ornamentam os quadros da sala, o bordado dos tecidos, a tessitura da vida: Solanum lycocarpum, Xilopia aromática, Jacaranda sp, Ana-flor. Celma me recebe, palíndromo ouvinte e escrevente, no andar de cima da Associação de Moradores do Conjunto Caiçara. Há 25 anos o Conjunto Caiçara virou morada e trabalho. Há 8, criou o Instituto Ana Carol, de onde nasceu Bordana, onde mãos, mães, mulheres fixam linhas em tecidos brancos de ausência presente.

Há 25 anos trouxe palíndromo Ana também Carolina do ventre para o berço do Cerrado. A militância veio junto por impulso que emana e necessidade que requer. Celma conta sobre o antes e o depois que se vestem de agora. Desde dezembro de 2007 e em todos os dezembros, Cerrado aflora com mais intensidade e ganha Ana-flor. Um tipo raro de leucemia vestiu o agora e o depois de ausência e levou consigo Carol. Dez mulheres se reuniram na casa de Celma depois do afloramento para criar a Bordana, por impulso que emana e necessidade que requer.


No topo da escada, o patamar é de Ana; fotos e desenhos preenchem as paredes da antessala onde Márcia, me cumprimenta com sorriso e óculos de aro preto. Na sala de Celma, mãos cumprimentam e abraços são trocados. Palíndromo escrevente se apresenta: “Anna Carolina”. A surpresa perpassa os olhos apenas por um instante, dando lugar a outro abraço. Sobre a mesa, panfletos de atividades da Bordana, revistas de bordado; no canto direito da sala, bordado transborda com sacolas e bolsas confeccionadas à mão para venda na Feira do Cerrado, onde todos os domingos a Feira do Cerrado é palco de exposição de produtos artesanais.
           
    As mãos de Celma não bordam, escrevem. Era sábado, quinze dias após o que não pode ser compreendido ainda martelar na memória. Ausência - substantivo feminino: afastamento temporário de alguém do domicílio, dos lugares que frequenta. Pela tv, Luciano Huck entrevista mais uma participante do quadro Lata Velha. Sentada em frente ao computador, Celma monta um quebra-cabeça mental, tentativa de juntar pedacinhos de sonhos e desejos de palíndromo Ana-flor em um todo que virasse ação. O jogo lúdico infantil se torna um resgate de sentido para a vida. Sequestro doloroso que fez pedacinhos do todo, cisão que demanda remição, quebra-cabeça a ser juntado por impulso que emana e necessidade que requer.

    Celma trabalha fora, Domícia, dentro. Cuidar de Carol é privilégio porque tempo é rude e inflexível, não dobra nem volta. O trabalho de assessora parlamentar ocupa tempo, não dá espaço. Carol pede tempo, quer mais espaço. A tarde de sábado e a manhã de domingo são preciosas. Juntas em frente à tv, assistem às reportagens sobre superação do Esporte Espetacular que Carol adora. Quebra-cabeça ganha peça. Carol quer ajudar, se entrosa nos afazeres da mãe, do irmão Iago e do pai, Romualdo. Desenhar roupas é passatempo preferido de Carol. A escolha da profissão veio cedo: designer de moda. Outra peça. 

  Tempo é relativo, é gradiente que vai do branco ao preto. Rosa e lilás se encontram suavemente na intensidade de suas cores, bem no meio, formando aspecto 3D: dez anos de intensidade suave de Ana-flor. Tempo é T que transforma, molda, borda. Empoderamento vem junto nessa dança de cores. A militância do antes é a mesma do agora, ganhando linhas adicionais de ponto espiga que delineia memória de Cerrado que não fecha.

  Porta abre, licença, está gravando? Márcia do sorriso e óculos de aro preto entra, quer saber das linhas nos tecidos de ausência presente que vão ser expostas na próxima Feira do Cerrado. No andar de baixo da Associação, onde o sol do fim de tarde e entrevista reflete nos cartazes sobre atividades do Conjunto Caiçara nas paredes da área onde mãos bordam, Márcia, atual diretora comercial da Bordana, fala para palíndromo ouvinte que teve tempo e espaço: algumas histórias aqui são muito diferentes da minha, você não deve me ouvir, ouça a essas histórias. As mãos ouvem, escrevem.          

  Escada, andar, sala, sol a pino de início de tarde. Solanum lycocarpum, Xilopia aromática, Jacaranda sp, Ana-flor. Celma mostra o livro que o marido, Romualdo, teceu depois do dezembro. Contracapa: Palíndromo-flor no meio de um jardim, patins nos pés, estampa das Meninas Super-Poderosas na blusa amarela. Quebra-cabeça, peça. As mãos de Romualdo emitiam alerta de urgência de impulso que emana e necessidade que requer: escreva. O é T de Tinta, de Transformação que Transborda, sai do lado esquerdo direto para o papel branco de ausência presente. Folheio o livro de crônicas sobre o antes, o agora e o depois. Celma aguarda, tempo é constante, é tema presente. O ar se movimenta, Celma fala, Romualdo foi e é parceiro, presente. A venda dos produtos da Natura era uma complementação de renda enquanto a Bordana ainda tomava contorno, complementação que não lograva em adicionar. 


   Sistema tem regras. Tem também exceção. Trabalho faz parte do jogo, mas se abarcasse a todos, porto seria seguro, e não o é. A exclusão do processo produtivo também faz parte das regras, exercendo seu papel de forma inflexível. Celma-mar conta das margens. O jogo tem regras fixas, mas mares têm margens. Até mercado tem trabalho, mas muitas mãos não. Se filho vem cedo, de manhãzinha, Cerrado cerra, oportunidade não dá. Meninas são Super-Poderosas, mulheres também. Outra peça. Empoderamento faz parte das margens. Se jogo não renda, bordado tece e gera renda. “Imagine um lugar em que as mulheres fazem aquilo que amam, que alimenta a alma e o coração, e ainda complementa a renda”. Olho em volta da sala, jardim de flores. Desafio do agora é ser a renda principal.

    O trabalho fora, como assessora parlamentar, era segurança. Mas porto seguro não é mais abrigo, mar desagua no oceano, transborda. Celma é mar de três M’s: mãe, mulher trabalhadora e militante. Enquanto tempo é gradiente de cores, sistema é cor chapada, única. Sistema - substantivo masculino: conjunto das instituições econômicas, morais, políticas de uma sociedade, a que os indivíduos se subordinam. Várias mãos que já passaram pela Bordana também viveram afloramentos. Olhos castanhos se fixam em palíndromo quando falam analogismo e me contam que a superação é uma das principais contribuições que a Bordana proporciona e que faz com que Celma-mar acredite no agora.


As dificuldades existem. Mãos que cooperam margeiam juntas, enfrentam o vento que cria ondas. Donas de casa são também donas do próprio negócio, Cooperativismo dá margem, não cerra. “Olha, a partir de agora, é isso que eu vou fazer”. A frase dita para o marido não foi fácil no antes, não é fácil no agora. Trabalho fora era renda certa, trabalho agora é incerto. Memória fez florescer Bordana, e continua viva e fazendo viver. Ponto correntinha. Faz de linhas em tecido, letras. Há 25 anos, palíndromo ouvinte e escrevente nasceu e casa de Augustinha, melhor amiga da mãe, foi morada provisória durante as primeiras semanas, no Conjunto Caiçara. Celma não é palíndromo, mas também não é não-palíndromo. Por alma e memória. Mãos que desenham, bordam, cooperam, escrevem - por impulso que emana ou necessidade que requer. Quebra-cabeça não se completa porque falta o todo, figura finalizada é memória, não é mais jogo lúdico. “Não sabia que era impossível, por isso fiz”. A frase e o sorriso de Celma encerram o encontro, o sol de tardezinha, mas não fecham porque a memória não deixa.

Universidade Federal de Goiás
Aluna: Anna Carolina Mendes
Disciplina: Jornalismo Literário
Docente: Angelita Lima
Perfil de Celma Grace, criadora da Cooperativa Bordana – Goiânia, Goiás, Conjunto Caiçara

Querida Anna Carolina, quero deixar aqui o meu mais sincero agradecimento, pelo carinho e sensibilidade ao traduzir um pouquinho da nossa história. Lindo demais esse texto, me emociono todas as vezes que leio, quanta habilidade com as palavras, quanta sensibilidade, o jornalismo ganha uma profissional muito especial. Que os anjos continuem iluminando o seu caminhar, seus sonhos e projetos. 
Gratidão por esse lindo presente!! Grande beijo 💞
Celma

Confissão de Bordadeiras

Sábado, 29 de agosto, em nossa Roda de Conversa, recebemos da D. Cecília, nossa cooperada mais idosa, essa valorosa e grata surpresa. Aqui na Bordana é assim...

Se alguém perguntar minha profissão
Lhe direi com orgulho no coração: Sou bordadeira
Faço da força minha bandeira
Acredito em Deus!
E nas minhas companheiras
Sou bordadeira, sim senhor!
Faço arte com louvor
Da natureza bordo a flor
Mas, saiba que não bordo sozinha
Muitas mãos se juntam às minhas
Tecendo sonhos com talento e amor
E para falar com franqueza
Depois de toda peleja
Bato no peito e grito com gana
Somos todas BORDANA!

    Autor: Francisco Santo – filho da nossa bordadeira, D. Cecília  -  Goiânia, 29/08/2016

D. Cecília 


Cooperativa Bordana está entre os vencedores de prêmio nacional de artesanato

A Cooperativa de Trabalho de Produção de Bordado Artesanal do Cerrado Goiano (Bordana) está entre os 100 vencedores da 4ª edição do Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato. O resultado final foi divulgado sexta-feira (5). O local e a data para a entrega da premiação ainda não foram informados.
O objetivo do prêmio é promover o artesanato brasileiro e ao mesmo tempo identificar as melhores práticas desenvolvidas nas unidades de produção mais competitivas do País. Com a classificação, a Bordana terá, além do reconhecimento nacional pelo trabalho que executa, direito de usar o selo "Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato" por três anos, a contar da data de entrega dos certificados.
Além disso, a Bordana poderá participar ainda de rodadas de negócios, feiras e exposições. Sua produção será inserida em um catálogo, distribuído entre compradores do Brasil e do exterior, e para um público formador de opinião como arquitetos e decoradores.

Os critérios avaliados para premiar os 100 melhores trabalhos de artesanato do Brasil são: política de inovação; qualidade dos produtos; identidade e compromisso cultural; embalagem; condições de trabalho; sustentabilidade ambiental; organização da produção; adequação econômica dos produtos; práticas comerciais; responsabilidade social e planejamento e gestão.
Fonte: 
http://www.goiascooperativo.coop.br/noticias/cooperativa-goiana-bordana-esta-entre-os-vencedores-de-premio-nacional-de-artesanato/

Bordana: uma união de amor que empreendeu sonhos e transformou atitudes


Esboços, novelos e agulhas... Combinações eleitas para o início da expressão harmoniosa do bordado. Mãos delicadas e firmes se entrelaçam em meio a texturas, linhas e tons que embrenham uma criatividade dessas meninas, bordadeiras uniformizadas, que levam o brasão SOU BORDANA, transformando simples desenhos em obras de arte.


Tarde de sábado, céu com nuvens arroxeadas anunciando a próxima chuva! Cenário em que vinte três mulheres viajam em cada ponto livre, arte, ladeado; ambos pensados com um único objetivo, ver o tracejado se metamorfosear em uma linda tela do Cerrado Goiano, plano de fundo para expressão de tanto trabalho e sutileza.

O espaço reservado em que se localiza a Cooperativa Bordana, no Conjunto Caiçara em Goiânia, relata um ambiente tranquilo e aconchegante que abriga com carinho as “meninas bordadeiras”, como são chamadas, que traçam ali linha por linha, desenvolvendo um trabalho magnífico através do bordado à mão.

Trabalho solidário em que sua idealizadora, Celma Grace de Oliveira concebeu esse projeto para manter viva a memória da pequena Ana Carol, sua filha que morreu aos dez anos, vítima de leucemia. Cheia de sonhos, mesmo pequena, Ana já fazia parte de ações sociais e adorava trabalhos relacionados ao artesanato.

Bordana é uma junção de bordado com o nome Ana, homenagem singela rendeu uma combinação perfeita, que rende frutos graças aos sonhos dessa garotinha, que passou por aqui e virou uma estrela - como declara sua mãe, emocionada sempre que lembra em palavras da menina. 

Celma viu na concretização dos sonhos de Ana Carol, a oportunidade de fazer do empreendedorismo social, uma forma de ajudar na renda e na autoestima de mulheres da comunidade do Conjunto Caiçara. O conceito Bordana partiu daí, cheio de histórias difíceis, mas que vão sendo superadas com amor e afinco, aliadas ao trabalho coletivo e o companheirismo dessas meninas guerreiras.

Em cada ponto vê-se o refúgio dos problemas e angústias de casa que vão se tornando passado. No slogan da cooperativa, “mãos que se unem em linhas que se cruzam” é possível perceber a cumplicidade e união que essas meninas possuem, uma segunda família que viu no trabalho a mão, uma maneira de instigar a felicidade, superar os desafios e promover novos laços de amizade. 

Ao início de cada bordado, as “Bordana’s”, imprimem histórias no tecido, carregado de cores das linhas e das suas texturas, aonde os desenhos vão ganhando cor, forma e vida. Nota-se a dedicação de cada peça, às belezas do Cerrado Goiano.  Chichá, cajuzinho, jequitibá, pequi, ipês e tantos outros símbolos do cerrado vão distraindo e levando essas adoráveis meninas em seus sonhos futuros.

Sonhos que elevam o pensamento na família e nas companheiras de lida, na busca por um amanhã mais florido e frutífero. Mãos privilegiadas de meninas doces e graciosas que abraçam o cerrado em cada tom bordado, numa expressão da alma que enche os olhos com cada sorriso satisfeito, diante da impressão da agulha no tecido adornado.

Meninas, em média com 50 anos, que empregam no bordado o amor, o prazer e a vida que tanto precisavam conhecer para alcançar a serenidade e a paz. São Margaridas, Cecílias, Rosenélias, Dalilas, Luizas, Celmas, Márcias, Gleidys, Erinas, Marias, Nélias e tantas outras que fazem da esperança e da força de lutar, um motivo e um energético natural para vencer.

Por Janaina Honorato e Rafael Cirqueira - estudantes de Jornalismo da Faculdade Alfa