Esboços, novelos e agulhas...
Combinações eleitas para o início da expressão harmoniosa do bordado. Mãos
delicadas e firmes se entrelaçam em meio a texturas, linhas e tons que
embrenham uma criatividade dessas meninas, bordadeiras uniformizadas, que levam
o brasão SOU BORDANA, transformando simples desenhos em obras de arte.
Tarde de sábado, céu
com nuvens arroxeadas anunciando a próxima chuva! Cenário em que vinte três mulheres
viajam em cada ponto livre, arte, ladeado; ambos pensados com um único
objetivo, ver o tracejado se metamorfosear em uma linda tela do Cerrado Goiano,
plano de fundo para expressão de tanto trabalho e sutileza.
O espaço reservado em
que se localiza a Cooperativa Bordana, no Conjunto Caiçara em Goiânia, relata
um ambiente tranquilo e aconchegante que abriga com carinho as “meninas bordadeiras”,
como são chamadas, que traçam ali linha por linha, desenvolvendo um trabalho
magnífico através do bordado à mão.
Trabalho solidário em
que sua idealizadora, Celma Grace de Oliveira concebeu esse projeto para manter
viva a memória da pequena Ana Carol, sua filha que morreu aos dez anos, vítima
de leucemia. Cheia de sonhos, mesmo pequena, Ana já fazia parte de ações
sociais e adorava trabalhos relacionados ao artesanato.
Bordana é uma junção de bordado com o nome Ana, homenagem singela rendeu uma combinação perfeita, que rende frutos graças aos sonhos dessa garotinha, que passou por aqui e virou uma estrela - como declara sua mãe, emocionada sempre que lembra em palavras da menina.
Celma viu na concretização dos sonhos de Ana Carol, a oportunidade de fazer do empreendedorismo social, uma forma de ajudar na renda e na autoestima de mulheres da comunidade do Conjunto Caiçara. O conceito Bordana partiu daí, cheio de histórias difíceis, mas que vão sendo superadas com amor e afinco, aliadas ao trabalho coletivo e o companheirismo dessas meninas guerreiras.
Em cada ponto vê-se o
refúgio dos problemas e angústias de casa que vão se tornando passado. No
slogan da cooperativa, “mãos que se unem em linhas que se cruzam” é possível
perceber a cumplicidade e união que essas meninas possuem, uma segunda família
que viu no trabalho a mão, uma maneira de instigar a felicidade, superar os
desafios e promover novos laços de amizade.
Ao início de cada
bordado, as “Bordana’s”, imprimem histórias no tecido, carregado de cores das
linhas e das suas texturas, aonde os desenhos vão ganhando cor, forma e vida. Nota-se
a dedicação de cada peça, às belezas do Cerrado Goiano. Chichá, cajuzinho, jequitibá, pequi, ipês e
tantos outros símbolos do cerrado vão distraindo e levando essas adoráveis
meninas em seus sonhos futuros.
Sonhos que elevam o
pensamento na família e nas companheiras de lida, na busca por um amanhã mais
florido e frutífero. Mãos privilegiadas de meninas doces e graciosas que
abraçam o cerrado em cada tom bordado, numa expressão da alma que enche os
olhos com cada sorriso satisfeito, diante da impressão da agulha no tecido
adornado.
Meninas, em média com
50 anos, que empregam no bordado o amor, o prazer e a vida que tanto precisavam
conhecer para alcançar a serenidade e a paz. São Margaridas, Cecílias,
Rosenélias, Dalilas, Luizas, Celmas, Márcias, Gleidys, Erinas, Marias, Nélias e
tantas outras que fazem da esperança e da força de lutar, um motivo e um
energético natural para vencer.
Por
Janaina Honorato e Rafael Cirqueira - estudantes de Jornalismo da Faculdade Alfa
Ótima matéria, fiquei com vontade de conhecer os trabalhos. Parabéns as Bordanas e aos estudantes q fizeram essa matéria
ResponderExcluirEm nome de todas as artesãs, muito obrigada pela visita em nossa página e pelo carinho! Será um prazer receber você qui em nossa casa. Seja muito bem vinda!!! Grande abraço!
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